Conservação
Indicadores de bem-estar animal
Já passou mais de um século desde a abertura do Jardim Zoológico (JZ), no entanto, como espaço vivo que é, evolui e adapta-se, sendo que atua como um Centro de Conservação de Espécies através da investigação e de técnicas de bem-estar animal, trabalhando para a sobrevivência das espécies e para a reintrodução no habitat natural, através da Educação Ambiental para a Sustentabilidade e da Educação para a Cidadania.
 
A mudança de filosofia e a aplicação de novos conceitos têm resultados concretos, hoje em dia, o JZ é um importante espaço onde se unem CONSERVAÇÃO, EDUCAÇÃO e INVESTIGAÇÃO, e onde habitam cerca de 2.000 animais de mais de 300 espécies, 67 das quais são EEP's (estão incluídas em Programas Europeus de Reprodução de Espécies Ameaçadas - European Endangered Species Programme).
 
Este programa é muito intensivo e inclui análises demográficas e genéticas para a elaboração de planos para o futuro maneio das espécies tendo sempre em vista a sua reprodução e formação de populações saudáveis estáveis para a sua conservação. Perto de 50 espécies representadas no JZ, são também estudadas e geridas a nível europeu e internacional com recurso a Stud​books - um livro de registo de dados referente a uma determinada espécie, que permite saber quantos indivíduos existem, quem são os seus progenitores, a sua descendência e a cargo de que zoo se encontra, uma série de informações essenciais para a articulação de informação e de indivíduos entre os zoos e parques de todo o Mundo.
 
Para a renovação do conceito de JZ como parque zoológico, e o seu reconhecimento como veículo fundamental para a conservação da vida selvagem, tornou-se imprescindível repensar e renovar as instalações para os animais bem como ajustar o maneio diário dos animais. Estruturas como plataformas em altura, vegetação colocada de forma estratégica, túneis, substrato diferenciado, sistemas de recolha e de distribuição de alimento diversificados, vieram completar a eficácia dos programas de enriquecimento ambiental e aumentar a área útil de cada instalação.



Estas alterações, promovem uma maior ocupação de tempo dos animais e maior aproveitamento do espaço pelos mesmos, traduzindo-se numa melhoria do bem-estar animal. Conservação e bem-estar animal estão estreitamente ligados não só o bem-estar animal é importante por razões éticas, mas também, assegurar o melhor nível possível de bem-estar animal é fundamental para que um zoo moderno cumpra as suas funções de educação e conservação.
 
Bem-estar animal é um conceito multidimensional que se refere ao estado físico, mental e comportamental dos animais. Efetivamente é o modo como determinado animal, individual, lida com um momento particular no tempo, o que significa adotar uma abordagem multidisciplinar baseada numa visão científica para garantir que as necessidades do animal estão cobertas. Isto inclui, por exemplo, cuidados veterinários adequados, requisitos nutricionais apropriados a cada espécie/indivíduo, proporcionar aos indivíduos a oportunidade de realizar o seu reportório comportamental de acordo com a espécie e promover estados emocionais positivos.
 
Assim, o bem-estar refere-se ainda ao estado de um individuo em relação ao seu ambiente, é fundamentalmente, o resultado da interação do animal com o ambiente que o rodeia. Dirige-se ao indivíduo além da espécie a que pertence e prevê a total satisfação das suas necessidades básicas, devendo estas ser determinadas/avaliadas através das 5 liberdades*:
 
  1. Livre de fome, sede e malnutrição (liberdade nutricional)
  2. Livre de desconforto (liberdade ambiental)
  3. Livre de dor, lesões e doenças (liberdade sanitária)
  4. Livre de expressar a maioria dos seus comportamentos naturais (liberdade comportamental)
  5. Livre de medo e aflição (liberdade psicológica)

O JZ está comprometido em promover o bem-estar dos animais, tendo adotado uma abordagem multifacetada e multidisciplinar. Para tal trabalha em estreita colaboração com os parceiros europeus e mundiais definindo as estratégias de atuação para o cumprimento da sua missão através de diversas associações internacionais, destacando-se a World Association of Zoos and Aquaria (WAZA), a European Association of Zoos and Aquaria (EAZA) e a Alliance of Marine Mammal Parks and Aquariums (AMMPA).
 
A importância do bem-estar animal para os zoos modernos é reconhecida por estas Associações através de um código de ética e bem-estar animal. Este código inclui o princípio de que todas as ações realizadas em um animal devem ter como objetivo final a conservação da espécie enquanto garante o seu bem-estar.
 
Desde 1990 que o JZ tem participado em vários programas de conservação in situ a nível nacional e internacional, sendo os mais relevantes a reintrodução de uma fêmea de Rinoceronte-preto no Ograbies National Park, na África do Sul o programa de libertação de Ádax (Addax nasomaculatus), no Parque Nacional de Sous Massa (Marrocos); reintrodução de um macho de Leão-africando (Panthera leo bleyenberghi) na Africa do Sul, Programa de Reprodução do Lince-ibérico (Lynx pardinus) e Programa de reintrodução do Leopardo-da-pérsia (Panthera pardus saxicolor), no Cáucaso, Rússia.
 
Conservar, reproduzir, reintroduzir e educar são hoje as nossas grandes preocupações e principais razões de existência. Atualmente, as instalações naturalistas, respeitando as características de cada espécie, aliadas ao enriquecimento ambiental, a fim de estimular os animais a terem comportamentos naturais são uma inquietação constante para garantir o bem-estar e comportamento animal. O JZ tem uma das maiores taxas de reprodução de todos os Zoos Europeus, integrados na Associação Europeia de Zoos e Aquários, o que nos permite fazer trocas com outros Zoos e reintroduzir animais na natureza. Para isso existem Programas Europeus de reprodução de espécies ameaçadas (EEP) e existe um funcionamento coordenado, das instituições que fazem parte desta Associação (EAZA).
 
Todos os anos assistimos ao nascimento de novas crias de espécies classificadas “Em Perigo de extinção, como por exemplo, em 2018, nasceram dois Órixes-de-cimitarra, espécie extinta na natureza há mais de 20 anos, existindo apenas em reservas ou em zoos. Mas os projetos do JZ vão além-fronteiras e a última reintrodução na vida selvagem foi a de 2 Leopardos-da-pérsia, filhos do casal que o JZ enviou para a Rússia em 2012. Esta ação, realizada no âmbito do Programa Europeu de Reprodução dos Leopardos-da-pérsia, do qual o JZ é coordenador, representa o culminar de um dos mais importantes objetivos dos zoos e dos programas de reprodução – a reintrodução no habitat natural de espécies em vias de extinção.



O Jardim Zoológico assume hoje uma dimensão de destaque tanto na proteção da vida animal, como na ação a favor da sustentabilidade do Planeta. Contribui diretamente para a conservação da biodiversidade enquanto alerta as populações para a problemática, evoluindo sempre de acordo com as necessidades dos animais, espécies e habitats. a conservação da biodiversidade é o foco do trabalho para os zoos no século XXI, assegurar elevados padrões de bem-estar animal é fundamental para que os zoos possam atingir esse objetivo.
 
* Em 1965, o professor Roger Brambell investigou o bem-estar de animais de produção e expressou as suas necessidades mínimas como as 5 liberdades, resultando num relatório pelo governo do Reino Unido sobre o bem-estar animal e as 5 liberdades, amplamente utilizado desde então sobretudo em animais de produção, mas servindo também a todos os outros.




 
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06 de Outubro de 2020
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