Conhecido por “Zé Leão”, José Oliveira tem 43 anos de idade e 25 de Jardim Zoológico. Faz parte da equipa dos tratadores dos carnívoros, constituída por 4 membros, e considera que o Tigre-da-sibéria é o animal mais extraordinário de todos os felinos. E é deste animal que nos fala hoje.
Como é constituída a instalação dos Tigres-da-sibéria?
A instalação inclui espaços interiores para abrigo ou eventuais cuidados veterinários que sejam necessários, e uma área exterior com um paisagismo criado a pensar nas preferências desta espécie. São animais que gostam de estar em altura, daí a existência de várias plataformas pelo espaço.
A rotina de alimentação destes animais está organizada de que forma?
A rotina é simples. De manhã, os tigres são recolhidos para o espaço interior, onde comem entre 4 a 5 kg de carne (vaca ou cavalo). Todos os dias, à exceção da sexta-feira, em que os animais ficam em jejum. Na Natureza, estes animais não comem todos os dias e chegam a ficar uma semana sem comer.
Existe proximidade entre os tratadores e os tigres?
Por mais que gostemos dos animais de que cuidamos, nunca há proximidade física. Quando eles entram para a instalação interior, fechamos a porta e limpamos o espaço exterior. Desde sempre que tomamos estas medidas de segurança e nunca houve qualquer problema. São animais selvagens, há que respeitar isso.
Para além da manutenção da instalação e da alimentação destes animais, o que implica o trabalho do tratador?
É muito importante estarmos sempre atentos, observar o comportamento dos animais e comunicar com os veterinários logo que haja sinais de falta de apetite ou agitação. Os tigres dormem cerca de 20 horas por dia, pelo que, no restante tempo, é fácil perceber se estão bem.
Estando no Jardim Zoológico, como é que os tigres são estimulados?
São utilizadas técnicas de enriquecimento ambiental para que os animais tenham de se esforçar para obter o alimento e passar tempo nessa conquista, enquanto utilizam estratégias características da espécie. Pode pôr-se carne em sacos de serapilheira que eles sacodem e rasgam até conquistarem a “iguaria” desejada, usar-se barris de plástico nos quais têm de introduzir a pata e “pescar” o pedaço de carne, ou ainda esconder o alimento debaixo de pedras ou madeiras.
Para além do instinto de caça, são estimulados a mais níveis?
Tratando-se de felinos, que são animais extremamente territoriais, é muito importante estimular o seu comportamento de marcação de território. Para isso, são frequentemente introduzidos cheiros diferentes na instalação – ervas aromáticas, vegetação que esteve na instalação de outros animais, entre outros – para incentivar os tigres a marcar o seu território. Para além destes estímulos, é também essencial promover o bem-estar físico destes animais. As várias plataformas espalhadas pela instalação, o lago de água doce, os troncos e os túneis têm precisamente esse fim.
Esta espécie já se reproduziu no Jardim Zoológico?
Um dos sinais de bem-estar dos animais que se encontram em parques zoológicos é a sua taxa de reprodução. Já vi nascer vários Tigres-da-sibéria no Jardim Zoológico, uma das espécies mais bem sucedidas da Europa nesta matéria. Nascem naturalmente, pois quanto menos intervenção humana, melhor. Limitamo-nos a observar, para ver se está tudo bem, se a mãe dá de mamar e trata bem dos filhotes.
Esta espécie está classificada como “Em Perigo” pela UICN (União Internacional para a Conservação da Natureza), sendo as suas principais ameaças a destruição do habitat, caça para o comércio ilegal da pele e utilização dos seus órgãos na medicina tradicional chinesa e a perseguição por ser considerada uma ameaça para as populações humanas locais e para o gado.
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