Na passada terça-feira foi publicado um estudo na revista ‘ Trends in Ecology & Evolution ’ que estabelece relação entre as alterações climáticas e as mutações morfológicas que se têm verificado em alguns animais. O estudo concentra-se nos seres endotérmicos, destacando as aves, para as quais existe um maior número de dados disponíveis.

O documento sugere o aumento corporal, em especial de estruturas termorreguladores, como resposta ao aumento das temperaturas dos habitats. Os dados indicam que em climas mais frios os animais apresentam membros mais curtos em contraste com animais que habitam em zonas onde o clima é mais quente, que apresentam membros maiores. Esta relação descrita em 1877 por Joel Allen ficou conhecida como ‘Regra de Allen’ e com este estudo os autores procuram validá-la.

Allen justifica as diferenças corporais pela necessidade de dissipar ou conter o calor consoante as necessidades dos indivíduos decorrentes das temperaturas do meio.

O estudo apresenta uma lista de exemplos de alterações morfológicas registadas em algumas espécies. O aumento do bico de aves como do Periquito-dorso-vermelho
(Psephotus haematonotus), o aumento das asas em espécies como o Grande-morcego-de-folha-redonda (Hipposideros armiger), o aumento das orelhas em certos mamíferos como o Rato-da-madeira (podemus sylvaticus), ou mesmo o aumento de patas e cauda como verificado no Musaranho-cinereus (Sorex cinereus).

As adaptações dos animais ao meio são cruciais para a sobrevivência das espécies e fazem parte do processo evolutivo das mesmas. No entanto, o aumento brusco das
temperaturas provocado pelas alterações climáticas obriga a uma adaptação igualmente rápida da parte dos indivíduos. Todos os que não conseguirem acompanhar as alterações acabam por morrer levando, no limite, à extinção da espécie.

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